quarta-feira, 20 de junho de 2012

O terrível paradoxo do capitalismo ou do humanismo burguês


O humanismo burguês (para utilizar a definição costumeira do Guilherme Castanheira) - para Karl Marx e apóstolos, emergente da Revolução Francesa de 1789 - faz transparecer aquilo que tomamos aqui como o terrível paradoxo do capitalismo. Mais concretamente, o terrível paradoxo da justiça capitalista e que se pode assim sintetizar: no sistema capitalista (com o seu humanismo burguês cristalizado na forma do Estado de Direito) todos somos iguais perante a justiça mas a justiça não é igual para todos.

Assim, de facto, ninguém está acima (pelo menos, formalmente!) do quadro jurídico forjado no complexo parlamentar, na constituição e nas próprias regulações supranacionais, mas, por outro lado, o eixo paradigmático do sistema tende, com vista a se preservar, a beneficiar os mesmos e sistemáticos sectores em prejuízo do esforço de equidade social. É assim que, o poder político representativo (a sua classe burguesa de eixo central), em meio da crise das dívidas soberanas e da própria resposta à solvência bancária (como sucede em Espanha), não olha a meios para garantir o predomínio do capital financeiro como "motor primeiro" da economia mundial. Desta forma, os Estados têm, com certeza, capacidade de regulação/de resposta sobre este mesmo sistema, mas nenhum Estado questiona a sua hegemonia nem se rebate contra o seu fim. Os Estados garantem a salvação/resgate dos bancos, das instituições financeiras, mas não salvam/resgatam o cidadão comum. Pelo contrário, é por meio da riqueza criada por este último, e de direitos sociais violentamente "suspensos", que se faz a transferência do produto do trabalho para o capital. A balança cega da justiça, não vê que a mão que dá é a mesma  que tira.    

Como resumiria o linguista e muito mais Noam Chomsky "um princípio básico do Estado moderno capitalista é que os custos e riscos são socializados ao máximo possível, enquanto o lucro e os benefícios privatizados".

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